quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ENTREVISTA: RONALDO FLORIDO DE OLIVEIRA

Geógrafo, professor e assessor parlamentar

Nesta entrevista Ronaldo fala sobre sua família, trabalho, a dedicação aos estudos e sobre a conjuntura nacional

“O mundo que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original”
Albert Einstein
Fatos da Região: És natural de onde?
Ronaldo: Sou de São Paulo, bairro de Guainazes.
Fatos da Região: E quando veio para cá?
Ronaldo: Vim para Poá em 1998, há 14 anos.
Fatos da Região: Por quê Poá?
Ronaldo: Por Poá oferecer uma melhor qualidade de vida, apesar dos contratempos administrativos, e por ser uma cidade com características interioranas e isso me agrada muito.
Fatos da Região: Família?
Ronaldo: Sou neto de imigrantes. Meu avô, por parte de pai, era português e por parte de mãe meus avós eram espanhóis.
Fatos da Região: Quando isso aconteceu?
Ronaldo: Eles vieram após a 1ª guerra Mundial com as indústrias que se instalaram em São Paulo. Meu avô por parte de mãe trabalhou na Paulista (Leite Paulista). Meus avós por parte de pai se estabeleceram na região do Bráz, que na primeira metade do século era um bairro industrial.
Fatos da Região: E seus pais?
Ronaldo: Quando se casaram vieram morar em Guaianazes, que foi onde nasci, cresci, estudei e trabalhei como funileiro e depois como pintor de automóveis. Um irmão (Robson) se dedicou a funilaria e eu a pintura (somos seis irmãos).

Fatos da Região: E os estudos?
Ronaldo: Sempre estudei em escola pública. Terminei o antigo 1º grau em escola municipal em São Paulo e o ensino médio em Ferraz de Vasconcelos. Depois ingressei na Universidade (Camilo Castello Branco).
Fatos da Região: como foi?
Ronaldo: Prestei vestibular na USP e passei, entretanto pela grande distância e por ter que trabalhar optei pela Castello por ser próxima de minha casa.
Fatos da Região: Qual curso?
Ronaldo: Como desde os 15 anos já me envolvia em questões políticas, optei pelo curso de Geografia.
Fatos da Região: Trabalho?
Ronaldo: Iniciei minha carreira como educador em Poá em 1994 numa escola que foi municipalizada, a Valkíria Janoni Neres, no bairro de Nova Poá.
Fatos da Região: e como é ser professor?
Ronaldo: Como a profissão de geógrafo não é valorizada ingressei no magistério, na rede estadual. A partir daí senti uma paixão tão grande pelo ofício de lecionar e então passei a me dedicar exclusivamente à carreira, me efetivando na rede pública estadual e municipal de São Paulo no ano de 1998.
Fatos da Região: E como ficaram os estudos?
Ronaldo: Daí em diante continuei os estudos. Fiz pós-graduação na ECA (Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo), na área de Difusão Cultural que se deu durante a gestão da prefeita Marta Suplicy.
Fatos da Região: Que mais?
Ronaldo: Fiz pedagogia em 2005 na Uninove e iniciei o mestrado em Geografia na PUC (São Paulo) em 2007 e concluí em 2010 como: “concentrando os estudos na área  de Territorialidade e Análise Socioambiental”.
Fatos da Região: Como você vê o Brasil, hoje?
Ronaldo: Nos últimos 10 anos, a política adotada pelo governo federal gerou estabilidade econômica no país e o mais importante é que melhorou a qualidade de vida dos brasileiros, tendo em vista os programas de distribuição de renda que geram movimento na economia local.
Fatos da Região: Explique!
Ronaldo: A distribuição de renda potencializa o consumo das famílias, e consequentemente a geração de empregos.
Fatos da Região: Mas, e a queda da produção industrial?
Ronaldo: O mundo vem enfrentando uma crise econômica, fruto do modelo neoliberal, automaticamente países emergentes como o Brasil são afetados, tendo em vista que durante décadas não houve investimento capaz de expandir a capacidade de produção industrial por falta de infraestrutura, meios de transporte, produção de energia e capacitação da mão-de-obra do trabalhador. Mesmo nos últimos 10 anos tendo uma política voltada à aplicação da capacidade de ampliação da produção industrial, o abandono e o descaso dos governos anteriores gerou uma defasagem muito grande na área de infraestrutura. Mesmo com tudo isso, o Brasil vem enfrentando a crise com geração de empregos, superávit na balança comercial, resultado da distribuição de renda e da política monetária gerida pelo governo federal.
Fatos da Região:Quais as diferenças do modelo atual?
Ronaldo: Enquanto o modelo neoliberal enfrenta a crise com a participação mínima do Estado na economia, o governo brasileiro investe em grandes obras de infraestrutura, garantindo uma responsabilidade do Estado na geração de empregos, fortalecendo o mercado consumidor interno.
 


Fatos da Região: O que mais pode ser feito?
Ronaldo: Tem que intensificar as políticas de distribuição de renda e sobretudo a qualificação profissional do trabalhador.
Fatos da Região: E como fica a Educação?
Ronaldo: O governo acertou na aplicação dos 10% do PIB (Produto Interno Bruto) na Educação. O país só pode manter seu crescimento econômico se aplicar seus recursos na melhoria do sistema de ensino, tanto na educação básica como no ensino superior. O percentual destinado à Educação agora, garantirá a ampliação de programas como o Pro-Uni e a qualificação dos profissionais da educação.




ENTREVISTA: BARBARA ANDRADE MORAES CONCEIÇÃO

Estudante

Nesta entrevista a bela Barbara transmite charme e simpatia, e também o compromisso com os estudos e na construção de uma carreira profissional

"Entendo que cada escolha pode gerar um resultado diferente, porisso devemos ter uma observação e analisar cada atitude antes de serem tomadas."



Fatos da Região: Qual sua idade?
Barbara: Tenho 17 anos.
Fatos da Região: Nasceu aonde?
Barbara: Nasci em Mogi das Cruzes mas fui registrada aqui em Poá, onde moro.
Fatos da Região: Estuda em que escola?



Barbara: Faço o ensino Médio, o 3º ano, na Escola Estadual Maria Aparecida Ferreira.
Fatos da Região: Só isso?
Barbara: Estudo também na Etec de Poá, em Administração de empresas. Estou no 2º semestre.
Fatos da Região: Mais alguma coisa?
Barbara: Estudo inglês e estou no 4º semestre.
Fatos da Região: Por que Administração?
Barbara: Entendo que cada escolha pode gerar um resultado diferente, por isso devemos ter uma observação e analisar cada atitude antes de serem tomadas.

Fatos da Região: E o curso ajuda nisso?
Barbara: Ajuda, pois se não souber analisar e tomar a atitude errada você pode perder tudo.
Fatos da Região: E o idioma inglês?
Barbara: Hoje gosto mais pois fui inspirada pela minha irmã que já estuda. Simpatizo muito e tenho muita facilidade, e saber inglês ajuda em qualquer emprego, é muito importante.
Fatos da Região: Planos?
Barbara: Pretendo definir minha profissão até metade do ano que vem quando terminar o curso técnico, e aí entrar na faculdade.
Fatos da Região: Qual curso?
Barbara: Direito ou Odontologia!
Fatos da Região: Por que entre dois cursos tão diferentes?
Barbara: Direito, ser juíza, porque sempre me chamou a atenção saber analisar as coisas e ter cuidado para não priorizar um lado prejudicando o outro, tudo isso baseado nas leis.
Fatos da Região: E odontologia?
Barbara: A saúde, cuidar da estética. Sempre achei um sorriso bonito.
 


Fatos da Região: O que você acha da atual situação do país?
Barbara: Acho que o país tem que melhorar, ainda falta muita coisa. Quem estiver no poder e tentar mudar isso teria grandes atitudes, mas as vezes tenta mudar e nada acontece.
Fatos da Região: Como assim?
Barbara: Pouca coisa é feita para as pessoas.
Fatos da Região: Explique!
Barbara: Por exemplo, as pessoas não se importam em pagar impostos, desde que haja um retorno proporcional, mas acontece totalmente o inverso, as pessoas pagam os impostos e têm um retorno bem inferior ao que deveria ter.
 

Fatos da Região: Gostos?
Barbara: Gosto muito de ouvir música como rock, músicas internacionais, MPB; filmes de aventuras, comédia-romântica e filmes sobre história.
Fatos da Região: O futuro?
Barbara: Quero terminar os estudos e fazer a faculdade, terminá-la e trabalhar na área e construir uma carreira.
Fatos da Região: E o amor?
Barbara: Depois vou pensar nisso!




terça-feira, 7 de agosto de 2012

Entrevista: Eliana Constantino Felício


Modelista, proprietária da Ellifashion e cidadã poaense
















“Todas as pessoas têm como se vestir bem, desde que se sinta bem”

“Tem o simples e belo, uma ornamentação adequada e a pessoa se sentirá bem”

“Sim, a forma da pessoa se vestir revela a sua personalidade”

“Amiga: chore, sorria, mas sempre em cima de um salto!”


Eliana fala sobre a trajetória de sua vida profissional e pessoal, os obstáculos que enfrentou e seu talento intimamente ligado à estética feminina. Seu endereço? Facebook: Eliana Felicio




Fatos da Região: És de onde?
Eliana: Nasci aqui, fui para Itaquaquecetuba com quatro anos e depois retornei para Poá. Sou cidadã poaense!
Fatos da Região: Sua infância...
Eliana: Meus primeiros anos de vida foram no bairro da Fonte Áurea. Meus tios Joviano, tio Manoel... foram muito bons, eles contribuíram muito no início da cidade de Poá.
Fatos da Região:  Você é modelista, certo?
Eliana: Sim!
Fatos da Região: Qual a diferença entre modelista e estilista?
Eliana: O estilista cria a moda, o modelo, a ideia inicial. Já o modelista é quem interpreta a ideia do estilista. O que o estilista cria o modelista transforma em realidade, ele interpreta a alma do estilista. O arquiteto cria, desenha a ideia, já o engenheiro civil transforma a ideia, o desenho em realidade.
Fatos da Região: O estilista então faz o desenho?
Eliana: O estilista pode fazer um desenho à mão-livre, pode usar uma fotografia ou outro meio para o modelista transformar em uma peça.
Fatos da Região: Essa união é importante?
Eliana: O mundo da moda até sobrevive sem o estilista, mas sem o modelista isso não seria possível.
Fatos da Região: Como descobriu esse talento?
Eliana: No ano de 2002 eu tinha uma loja de roupas em Itaquá, mas certa vez ocorreu um roubo. Estouraram a porta e levaram tudo, não ficou nada no estoque. Enquanto isso o aluguel estava correndo, as contas para serem pagas. Estava de mãos atadas. Então decidi comprar tecidos e comecei a fazer as roupas. Modelei. Cortei e mandei para as oficinas e tive bom resultado, as minhas roupas foram aceitas pelo mercado.
Fatos da Região: Aí a coisa começou a decolar?
Eliana: Logo em seguida tive um grave problema de saúde e tive que parar.

Fatos da Região: E depois?
Eliana: Me recuperei e tive que parar de novo devido à gravidez. Após isso recomecei e passei a fornecer minhas roupas para as lojas da região do Brás e outros locais. Quando estava em boa situação tive outro problema de saúde que me fez parar por cerca de cinco anos.
Fatos da Região:  Teve que recomeçar do zero?
Eliana:  De vez em quando me pediam alguns trabalhos e foram bem aceitos. Atualmente possuo uma carteira de clientes, fiéis, que pretendo ampliar e assim fortalecer minha empresa.
Fatos da Região: Como é o nome?
Eliana: Ellifashion
Fatos da Região: Fale sobre sua trajetória profissional.
Eliana: Tive por cinco anos uma loja em Itaquá, a Ellistreet. Tive também em Poá por cinco anos a Moda Sport Chic.
Fatos da Região: Eventos?
Eliana: Ganhei o troféu Mulher em 2005, promovi desfiles, possuo clientes que me dão muita satisfação por usarem meus modelos como Ruth, Vera Tabach, Arlete Machado, a Patrícia...
Fatos da Região: Estilo preferido?
Eliana: Gosto do spot chic, moda romântica, roupas com bastante detalhes e que batam com a personalidade da pessoa.
Fatos da Região: Como escolher a melhor roupa?
Eliana: Tem roupas bonitas que não combinam com a pessoa, e tem roupas simples que combinam perfeitamente, mostrando mais beleza na pessoa.
Fatos da Região: Que estilo você trabalha?
Eliana: Gosto da plus-size (moda para gordinhas), confeccionamos normalmente até número 60 ou de acordo com as necessidades, com muita beleza e estilo.
Fatos da Região: Existe um padrão?
Eliana: Não, cada mulher tem seu estilo!
Fatos da Região: Religião?
Eliana: Tenho fé evangélica.
Fatos da Região: Lema de vida?
Eliana: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!”
Fatos da Região: Existe uma fórmula para se vestir bem?
Eliana: Todas as pessoas têm como se vestir bem, desde que se sinta bem.
Fatos da Região: E para a pessoa se sentir bem?
Eliana: Tem o simples e belo, uma ornamentação adequada e a pessoa se sentirá bem.
Fatos da Região: A roupa fala?
Eliana: Sim, a forma da pessoa se vestir revela a sua personalidade.
Fatos da Região: Um recado!
Eliana: Amiga: chore, sorria, mas sempre em cima de um salto!”





quinta-feira, 19 de julho de 2012

Entrevista: Marco Aurélio Garcia

Assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República

“Há pessoas que dizem: “ah, vocês estão se imiscuindo na vida do Paraguai”. Não, o Paraguai é que se imiscuiu na vida do Mercosul, o Paraguai é que contrariou normas que ele mesmo tinha aceito. Por isso que eu digo, antes de ser uma questão geopolítica,
é uma questão essencialmente democrática”


“Decisão do ingresso da Venezuela no Mercosul foi por 3x0”



Em entrevista à Carta Maior, em 4/7, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, analisa o momento de tensão política vivido na América do Sul após a destituição de Fernando Lugo da presidência do Paraguai.


Carta Maior: Qual o significado geopolítico da destituição do Fernando Lugo?
 
Marco A. Garcia: Antes de um significado geopolítico tem um significado democrático. O processo que foi utilizado para destituí-lo está eivado de irregularidades do ponto de vista de normas civilizadas de direito. Ele teve menos de um dia para se defender. As acusações são absurdas e carecem de provas. Então, há uma grave infração daquilo que se pode chamar de estado democrático de direito. Não adianta dizer que a Constituição permite. O Código Penal diz que se você está acusado de matar uma pessoa, de roubar, etc, você pode ser processado, mas tem um ritual processual, ritual que não é para postergar o exercício da Justiça, mas para garantir que o exercício da Justiça será feito.

Na medida em que os países se associaram no Mercosul, isso passou a ser um problema do Mercosul. Quando nós criamos a chamada cláusula democrática, primeiro no Protocolo de Ushuaia I, que foi o que nós evocamos no caso, e depois o de Ushuaia II, que nós só não evocamos porque não está referendado nos Congressos, o que nós queríamos criar era um conjunto de salvaguardas que permitisse que o nosso funcionamento democrático dentro do Mercosul. O Mercosul não é só uma associação econômica, comercial, é também política. Porque nós e os outros países nos demos isso? Porque queríamos que a nossas atividades econômicas, comerciais, culturais, etc, estivessem cercada de determinados princípios políticos. Isso é particularmente importante numa região que sofreu ditaduras, prolongadas ditaduras, o Paraguai a mais de todas. Ditaduras não só prolongadas, como cruéis.

Há pessoas que dizem: “ah, vocês estão se imiscuindo na vida do Paraguai”. Não, o Paraguai é que se imiscuiu na vida do Mercosul, o Paraguai é que contrariou normas que ele mesmo tinha aceito. Por isso que eu digo, antes de ser uma questão geopolítica, é uma questão essencialmente democrática.
 
Carta Maior: E do ponto de vista geopolítico?

Marco A. Garcia: Nós rompemos com o critério passado de ter alguns países da região dentro do nosso, entre aspas, campo. Quando, por exemplo, Itaipu foi construída para suprir um problema energético do Brasil, também era uma jogada geopolítica dos militares brasileiros, aceita pelos militares paraguaios, que era uma espécie de política de contenção com a Argentina. Com o advento da democracia e com a evolução dos quatro países esses velhos esquemas geopolíticos desapareceram. Nós, ao invés de termos uma política de contenção, ou uma política de submissão do Paraguai, de associação hierárquica, queremos ter uma política de associação solidária.

O destino da região não pode ser assumido por um país, ele tem que ser compartilhado por todos os países da região, por isso o princípio de cada país um voto, por isso os países tem capacidade de veto, por isso as decisões tem que ser consensuais, etc. O problema é que o Paraguai se retirou desse consenso. Não adianta só eles acharem que fizeram tudo numa boa, a questão é que os outros três não acham isso.

Carta Maior: O senhor vê paralelo entre o que aconteceu com o Manuel Zelaya em Honduras e agora com o Lugo no Paraguai?
 
Marco A. Garcia: Tem paralelo. Os dois presidentes estavam indo para o fim do mandato. Para que retirá-los? Para que, uma vez que não havia argumentos consistentes? A retirada do Zelaya foi mais violenta, ele foi retirado de pijama, posto num avião e enviado para a Costa Rica.


No Paraguai a decisão foi tomada pelo Congresso, em Honduras pela Corte Suprema com o emprego direto das Forças Armadas. Se o Lugo tivesse dito que não aceitava a decisão, talvez eles procurassem utilizar as Forças Armadas, mas de qualquer maneira tem uma atipicidade em relação aos processos de destituição presidenciais anteriores.
 
Carta Maior:O senhor vê uma contra-ofensiva de direita para recuperar o território perdido no continente nos últimos anos?
 
Marco A. Garcia: Eu diria que há um deslocamento da direita no território, mas das forças anti-democráticas de uma maneira geral. Nós conseguimos constituir a Unasul, para citar um exemplo. No Mercosul os governos tinham afinidade política maior, ainda que nós tenhamos convivido, no governo Lula, com governos que não podiam ser caracterizados de esquerda, vamos citar o caso do Batlle no Uruguai e do Nicanor no Paraguai. O convívio era muito bom e conseguimos avançar porque nós nunca ficamos cobrando certidão de ideologia de ninguém. Esse mesmo critério foi levado para a Unasul. É claro que há a existência de governos progressistas, ainda que muito diferentes entre si, mas nós conseguimos estabelecer níveis de apoio, inclusive com governos que poderiam ser caracterizados como de direita e centro-direita, Colômbia no período do Uribe. Conseguimos que a Colômbia estivesse na Unasul e inclusive compartilhasse uma coisa importante naquele momento que foi o acordo com o Conselho de Defesa Sulamericana. Por quê? Porque os países avaliaram que a integração era uma coisa importante e que as cláusulas democráticas, que valem tanto para a Unasul como a para o Mercosul, ainda que com formulação distintas, seriam respeitadas.

Quero chamar a atenção para o fato de que a exclusão do Paraguai não se deu somente pelo Mercosul, se deu por unanimidade pela Unasul e aí tem governos que não podem ser caracterizados como governos muito afins do ponto de vista político-ideológico. Então, esses são os problemas que estão sobre a mesa hoje.

Carta Maior: A possibilidade da volta de Lugo ao poder está descartada?
Marco A. Garcia: O Lugo é uma referência na política paraguaia, agora isso é problema dos paraguaios, eles é que vão ter que definir.

Carta Maior: A entrada da Venezuela foi criticada, com base inclusive na posição do chanceler uruguaio, sobre uma suposta pressão do Brasil para essa entrada. De outro lado, acusaram o Brasil de criticar um autoritarismo no Paraguai enquanto admite um regime “autoritário” no Mercosul. Como o governo recebe essas críticas?
 
Marco A. Garcia: Em primeiro lugar é bom ter claro que o ingresso da Venezuela no Mercosul foi aprovado pelo Congresso brasileiro, pelo argentino e pelo uruguaio. Acho que o uruguaio foi o primeiro a aprovar, pelo menos primeiro que o Brasil foi. Portanto, não me venham dizer hoje que é indesejável a presença deles. Uma pessoa pode achar, um partido pode achar, tudo bem, agora, os canais que decidem isso nos três países aprovaram.

Segundo, o Paraguai está suspenso das esferas políticas do Mercosul, portanto ele não é mais voto. Antes éramos quatro votos, agora somos três e os três se puseram de acordo em torno disso. Quarto, acho insultante em relação ao presidente Mujica dizer que ele foi na conversa da presidenta do Brasil ou da Argentina. O presidente Mujica é um homem de extraordinária sensibilidade e experiência política, viveu as circunstâncias mais difíceis, tem um currículo impecável, então, acreditar que ele seria leniente no que diz respeito a uma decisão de natureza tão importante quanto essa é insultuoso a ele. Eu tive oportunidade de conversar com ele e o encontrei muito tranqüilo. E ele disse “essa decisão nós tomamos, eu assumo plenamente a responsabilidade disso”.

Então, nos surpreendeu muito a posição adotada pelo chanceler Almagro, que estava lá e poderia ter sido enfático nisso, ou então se dissociar. O dia que eu quiser me dissociar de uma política da presidenta Dilma, eu pego o chapéu e digo “olha, não estou de acordo, vou embora”. Agora o que nós estamos assistindo é um processo de luta interna, mas que estão querendo que o Brasil pague essa conta, vamos ter claro isso.

A presidenta Dilma antes de ir para reunião disse que tinha duas preocupações: em primeiro que a operação fosse juridicamente adequada, por isso levou o advogado geral da União para ir lá e atestar. Pareceres da Advocacia Geral da União são vinculantes. O segundo comentário que ela fez foi o seguinte: no entanto, mesmo sendo juridicamente correto, se houver qualquer objeção política seja da Argentina ou do Uruguai, nós estamos fora, essa é uma decisão que tem que ser tomada de 3 a 0, não por 2 a 1. E foi tomada por 3 a 0.

Entrevista: Djalma Vasques

Apreciador de um bom Rock’n’Roll, guitarras e viagens de motocicleta



“Sempre quis viajar e a paixão pelas motocicletas me levou a isso, a buscar a liberdade”

 “A contrapartida do governo municipal poaense no Minha Casa Minha Vida, cujo mandatário é o Senhor Testinha, não aconteceu, ele nada fez para que isso se tornasse realidade, fazendo com que tudo caísse no esquecimento. Mas nem todos esqueceram! Espero que isso seja demonstrado nas urnas, pois nem só de asfalto vive o cidadão!”
 


















Apreciador das boas coisas da vida, Djalma Vasques fala sobre música, motocicletas, política e problemas sociais
Fatos da Região: De onde você vem?
Djalma: Nasci no bairro de Vila Mazzei, em São Paulo e com quatro anos vim para Poá.
Fatos da Região: Por que Poá?
Djalma: Foi o local possível para meus pais comprarem uma casa, pois meu pai era funcionário da prefeitura de São Paulo e através de um amigo, que tinha comprado uma casa aqui, indicou e o negócio foi feito.
Fatos da Região: Conte sobre sua infância.
Djalma: Estudei no antigo Grupo Escolar Padre Eustáquio. Na época a cidade possuía apenas uma rua pavimentada. O antigo ginasial também foi no Padre Eustáquio.
Fatos da Região: Como era?
Djalma: Era legal, gostava muito pois tinha muitos colegas, amigos, bons professores...Fatos da Região: Como eram os professores?
Djalma: Gostava muito deles, apesar de que naquela época elas batiam na gente com varinhas, tapas, davam castigo... mas gostava da maioria deles. Tenho muitas saudades.
Fatos da Região: E depois?
Djalma: Na adolescência frequentava os bailes do clube Poaense, ia ao Parque Municipal de Mogi das Cruzes, jogava futebol de salão.
Fatos da Região: A música?
Djalma: Com cerca de oito anos comecei a tocar violão.
 
Fatos da Região: Sozinho? Djalma: Meu pai tinha um violão e meu tio Durval quando nos visitava me ensinava um pouco. Depois fui aprendendo com os amigos.
Fatos da Região: Quais gêneros musicais?
Djalma: Nessa época que comecei a gostar de Rock’n’Roll.
Fatos da Região: Quais bandas?
Djalma: Gostava de Beatles, Creedence, Rolling Stones...
Fatos da Região: E as motocicletas?
Djalma: Sempre quis viajar e a paixão pelas motocicletas me levou a isso, a buscar a liberdade.
Fatos da Região: Qual foi a primeira motocicleta?
Djalma: Foi uma Jawa 250 CC.
Fatos da Região: Mas voltando à música, e as bandas locais?
Djalma: O início da década de 1970 era a época das bandas nos salões de baile, nas escolas... Tinha o Casa das Máquinas, Porão 99, e da região os Bigsons, Beat soul, The Monsters e outros. Era bem saudável e quase todos se conheciam.
Fatos da Região: E sua banda?
Djalma: Com 16 anos formamos uma banda com Luiz e Carlinhos Gomide, Nelson Mattoso e o vocalista Willison.
Fatos da Região: O nome?
Djalma: Willison 5.
Fatos da Região: Como era?
Djalma: Antes tinha outro nome, mas como era o nome de outra banda mudamos para Willison 5. Tocamos em alguns festivais e em algumas cidades.
Fatos da Região: Você citou agora a pouco as escolas?
Djalma: As escolas constantemente promoviam festivais de música e muitas bandas se apresentavam.
Fatos da Região: A palavra de ordem?
Djalma: Era Paz e Amor.
Fatos da Região: Outros parceiros:
Djalma: Firmim, Flavio, ensaiávamos em Artur Alvin nos finais de semana, íamos de trem, mas  infelizmente não foi pra frente. Após essa fase é que teve o início das motocicletas.
Fatos da Região: Como foi?
Djalma: Depois da Jawa teve uma sequência com outra Jawa, três Motovis, uma Yamaha DT e uma Honda CG, aí saltei para a Amazonas (1600 CC), em 1981.
Fatos da Região: A Amazonas?
Djalma: Na época era a maior motocicleta que existia no Brasil.
Fatos da Região: Quais as diferenças?
Djalma: Era diferente de todas as outras. No visual, comportamento na estrada e chamava muito a atenção. Viajei bastante com elas.



Fatos da Região: E os Moto-Clubes?
Djalma: No início fundamos o Amazonas Moto-Clube. Estou desde 89 no Abutres Moto-Clube, antes mesmo de sua formação, junto com os amigos como Luizão, Pateta, Precheca, Élcio, Zé Carlos... Depois vieram outros  parceiros como Batman, Trovão... São vários parceiros e o clube cresceu e está com cerca de cinco mil membros filiados em todo Brasil.
Fatos da Região: Quais objetivos do Abutres MC?
Djalma: Promover viagens, passeios, festas, filantropia...
Fatos da Região: Mas voltando à música, fale sobre o panorama musical de hoje?
Djalma: Está muito comercial. Penso que o compositor quando vai criar uma música tenta torná-la mais comercial possível, tornando-a quase sem propósito.
Fatos da Região: Há alguma saída?
Djalma: Sim, claro. Ainda tem gente boa como Ana Carolina, Vinícius Cantuária, Mettalica, Plebe Rude e muitos outros.
Fatos da Região: E a política?
Djalma: Sou filiado ao PT.
Fatos da Região: Dilma Rousseff?
Djalma: O governo Dilma é médio com possibilidades de melhorar.
Fatos da Região: Geraldo Alckmin?
Djalma: O governo Alckmin é autoritário e a violência como estamos vendo tem crescido muito, está intolerável.
Fatos da Região: Governo de Poá?
Djalma: Eu acho que o prefeito Testinha não deveria se contentar em apenas asfaltar as ruas e construir um “elefante branco” (galpão da Praça dos Eventos) que até agora não se sabe para que serve, e sim se preocupar maiscom a questão social.
Fatos da Região: Exemplos?
Djalma: Enchentes, equipamentos das unidades de saúde, e deixou muito a desejar na questão da moradia.
Fatos da Região: Explique?
Djalma: Milhares de pessoas enfrentaram filas, perdendo dias de serviço, ficando horas e horas para serem atendidos na esperança de finalmente conseguir a casa própria (Minha Casa Minha Vida).
Fatos da Região: Mas o que aconteceu?
Djalma: A contrapartida do governo municipal poaense no Minha Casa Minha Vida, cujo mandatário é o Senhor Testinha não aconteceu, ele nada fez para que isso se tornasse realidade, fazendo com que tudo caísse no esquecimento. Mas nem todos esqueceram! Espero que isso seja demonstrado nas urnas, pois nem só de asfalto vive o cidadão!

Entrevista: Nivaldo Hermínio de Carvalho

Pastor Evangélico e Diretor do Sindicato dos Bancários

“Forças de direita contrárias tentaram dar um golpe ao anunciar a inversão da decisão dos filiados, mas a democracia interna prevaleceu no partido, vencemos mais esta batalha e garantimos o respeito à decisão
dos filiados. O PT venceu o golpe! É um PT de cara nova!”



Nascido em São Paulo residente em Poá, Pastor Nivaldo é casado e tem três filhos e um neto e fala de sua trajetória nas lutas sociais e suas perspectivas.

Fatos da Região: Quando vieste para cá?
Nivaldo: Em 1983, quando me casei e comprei um apartamento no Jardim Obelisco, em Poá. Já era funcionário do Banespa, atual Santander.
Fatos da Região: Como foi o início?
Nivaldo: Em 1982 comecei a trabalhar no banco e no ano seguinte comecei com as atividades sindicais.
Fatos da Região: Quais os motivos?
Nivaldo: Eu não aceitava a postura patronal em retirar benefícios e promover demissões de pais e mães de família. Estas injustiças me levaram a lutar em defesa dos direitos dos trabalhadores.
Fatos da Região: E o sindicato?
Nivaldo: Conheci os companheiros que militavam no sindicato, eram do PCdoB, PCO, PT, da Convergência Socialista e outros. Então percebi que não estava sozinho, havia outros que estavam indignados com a situação.
Fatos da Região: Um feliz encontro...
Nivaldo: A partir desta descoberta comecei a participar de reuniões, conheci o Sindicato dos Bancários e comecei a participar de todas atividades para a categoria.
Fatos da Região: Quando ingressou no sindicato?
Nivaldo: Entrei em 1989 como Conselheiro de Representantes dos Funcionários do Banespa.

Fatos da Região: E hoje?
Nivaldo: Hoje sou diretor, desde 1992.
Fatos da Região: Um momento que marcou muito sua trajetória.
Nivaldo: A greve de 1985, a maior greve dos bancários, da história.
Fatos da Região: Quais foram os motivos?
Nivaldo: Indignação pela perda de direitos, inflação altíssima com nossos salários sendo corrompidos e defasados e não havia nenhuma disposição dos banqueiros e governo em melhorar nossa situação.
Fatos da Região: E o que ocorreu?
Nivaldo: Um greve geral nacional com 100% de participação. Como resultado passamos a ter direitos como vale-transporte, vale-refeição, fomos os pioneiros na conquista desses benefícios, reajustes salariais e outras conquistas.
Fatos da Região: E os salários?
Nivaldo: A partir desta greve os reajustes salariais começaram a ser o mais próximo da nossa realidade e teve um reflexo positivo para todas as categorias profissionais.
Fatos da Região: Qual a base da categoria?
Nivaldo: Hoje somos 300 mil bancários no país, sendo cerca de 180 mil em São Paulo.
Fatos da Região: E a CUT?
Nivaldo: O surgimento da Central Única dos Trabalhadores foi uma manifestação dos trabalhadores com a finalidade de ter alguém para representá-los de uma forma nacional, rompendocom o sindicalismo governamental que vem desde o tempo de Getúlio Vargas.
Fatos da Região: Explique!
Nivaldo: Os sindicatos estavam se alinhando para que uma central pudesse representá-los junto ao governo e à classe patronal, e esta central era a CUT.
Fatos da Região: O resultado?
Nivaldo: Ficamos mais fortes, mais representados. Ficamos mais organizados nacionalmente.
Fatos da Região: E a política?
Nivaldo: A partir do momento que começamos a construir nossa defesa como empregados,  trabalhadores, sentimos a necessidade de participar de atividades políticas para que a classe trabalhadora pudesse ser representada no Congresso Nacional.
Fatos da Região: Partido?
Nivaldo: Em 1985 comecei a militância no PT, mas devido às perseguições no local de trabalho me filiei somente 10 anos depois.
Fatos da Região: Perseguições?
Nivaldo: Todos trabalhadores que eram ligados à CUT ou ao PT eram taxados de baderneiros, bagunceiros, destruidores de patrimônio, mas ao longo do tempo mostramos para toda população e mídia que sempre quisemos defender os direitos dos trabalhadores.
Fatos da Região: Sua formação religiosa?
Nivaldo: Sou pastor evangélico desde 1897.
Fatos da Região: Explique a relação fé e luta social!
Nivaldo: Fui seminarista em 1981 e sempre atuei na defesa dos menos favorecidos, dos desprezados pela sociedade. Ia nas favelas dando assistência aos doentes, desempregados, pessoas que ficaram sem objetivo na vida.
Fatos da Região: Voltando à CUT, como é hoje?
Nivaldo: A CUT já é reconhecida pelo Ministério do Trabalho, Justiça e Executivo nacional. Ela representa 80% dos trabalhadores brasileiros. Tem desenvolvido políticas de defesa para todas as  classes.
Fatos da Região: E Poá?
Nivaldo: Poá precisa passar por uma transformação política para que seus munícipes possam ser valorizados como seres humanos, que têm dignidade e respeito.
Fatos da Região: Como assim?
Nivaldo: Precisamos de políticas públicas para jovens, idosos, mulheres, aqueles que são portadores de deficiência, cultura, e isso não está acontecendo.
Fatos da Região: E por que isso ocorre?
Nivaldo: Os interesses são individuais, para uma classe exclusiva, para aqueles que estão no poder, assim os munícipes ficam à margem dos benefícios.
Fatos da Região: E o PT nisso?
Nivaldo: Pensando numa mudança séria, o PT pode ser uma grande opção para a cidade de Poá.
Fatos da Região: E a presidenta Dilma?
Nivaldo: A presidenta Dilma vem trazendo uma política de constantes avanços que têm beneficiado as famílias da porta para dentro de casa, melhorando suas vidas, agora está na hora de melhorarmos a vida da porta para fora, isto é, as prefeituras, especificamente a de Poá tem que fazer políticas em que seu munícipe tenha uma qualidade de vida melhor.
Fatos da Região: Parece que o PT de Poá está passando por mudanças...
Nivaldo: A grande mudança no PT de Poá está ocorrendo com mudanças em sua direção. A necessidade da troca de membros da Comissão Executiva faz parte do PT de cara nova. Precisamos e estamos mostrando para a população poaense que o PT não está morto, paralisado na cidade, mas sim que é um PT ativo, criativo, de luta e que quer a transformação da cidade.
Fatos da Região: Um PT de cara limpa?
Nivaldo: Poá precisa de um PT transparente, ético e que defenda a mudança através da democracia, e isto já está acontecendo!
Fatos da Região: E as disputas internas?
Nivaldo: Tivemos uma dura disputa interna onde vencemos e mantivemos a vontade da maioria dos filiados que participaram do processo de prévias que ocorreu em dezembro. Tivemos a intervenção do Diretório Estadual que acolheu nossos argumentos e assim o estatuto do partido foi respeitado e o Doutor Ali foi homologado précandidato à prefeitura de Poá.
Fatos da Região: Por que isso ocorreu?

Nivaldo: Forças de direita contrárias tentaram dar um golpe ao anunciar a inversão da decisão dos filiados, mas a democracia interna prevaleceu no partido, vencemos mais esta batalha e garantimos o respeito à decisão dos filiados. O PT venceu o golpe! É um PT de cara nova!


Entrevista: Carlos Alberto Ferreira

Bacharel em Sociologia e História


“A partir do início da década de 1980 o capitalismo estabeleceu uma nova relação de investimentos com a área social, trabalhando com a lógica do estado-mínimo, incentivando ainda mais a iniciativa privada e privatizando serviços, e nisso acabou asfixiando os serviços públicos”.

“Nestes últimos 30 anos, 16 anos de PSDB no governo, com início na gestão do então governador Mario Covas, a farra privatista teve seu auge, começou com demissões e a redução nos  investimentos públicos,
aliado às privatizações. Estas eram as orientações políticas”.

 O professor Carlão fala sobre a situação da Educação no Brasil e principalmente sobre a  essência dos problemas, apresentando um quadro perverso e que atende a interesses específicos.

Fatos da Região: És natural de onde?
Carlão: Sou de São Paulo, capital, Vila Monumento.
Fatos da Região: E mora aonde?
Carlão: Resido em Suzano,desde 1984.
Fatos da Região: Por que escolheste esta região para morar?
Carlão: A proximidade com o meio-ambiente, com o verde. E na época Suzano possuía um ar mais interiorano, mais calmo.
Fatos da Região: E o que mais?
Carlão: Tenho parentes em Suzano.
Fatos da Região: E o magistério?
Carlão: A preocupação em exercer uma atividade vinculada à população, ao povo trabalhador, ter uma utilidade social com a profissão. Trabalhar com Educação, na periferia, era um dos objetivos que planejei e consegui atingir.
Fatos da Região: Como começou?
Carlão: Formei-me no final de 1983 já lecionando, mudei para Suzano onde permaneço até hoje.
Fatos da Região: De lá para cá?
Carlão: Houve um crescimento econômico muito grande, quase que dobrou. Muitas indústrias,  comércio e isso alteraram as relações sociais aumentando a demanda em relação à saúde, educação e todos os  demais serviços públicos. Suzano deu um salto significativo nesse período.
Fatos da Região: Por que a opção pela periferia?
Carlão: Por um projeto “No movimento sindical temos um bordão que diz que a luta continua, sendo assim acreditamos na possibilidade de melhorias, de ganharmos a contenda” pessoal em fazer a luta em defesa da escola pública, dos serviços públicos na oposição ao projeto neoliberal em construção desde o início da década de 1980, uma luta contra a exploração.
Fatos da Região: Você escolheu um lado?
Carlão: Participo na luta pela escola pública, na região desde 85, mas iniciei mesmo, na Subsede APEOESP de Diadema em 82. O comprometimento com a defesa do direito dos excluídos que a nossa sociedade promove. A falta de oportunidades que ainda gera mais injustiça social, pois não tendo  condições financeiras muitas pessoas não participam da sociedade tendo seus direitos desrespeitados.
Fatos da Região: Muitos defendem o modelo de educação dos Estados Unidos, o que achas?
Carlão: Entendo que o modelo estadunidense dá conta do desenvolvimento capitalista, e eu não acredito que este modelo atenda aos interesses da maioria,um número muito grande de pessoas sempre ficará de fora dela, mesmo para os estadunidenses.
Fatos da Região: Explique!
Carlão: A partir da década de 1980 o capitalismo estabeleceu uma nova relação de investimentos na área social, trabalhando com a lógica do estado-mínimo,e nisso acabou asfixiando os serviços públicos.
Fatos da Região: Você então tomou um lado...
Carlão: É contra isso que luto, junto com milhões de militantes no país, que se posicionam e  encaminham a luta contra as causas dessa situação. Que é o modo de produção capitalista.
Fatos da Região: É possível um capitalismo com face humanizada?
Carlão: Não acredito que o capitalismo atinja o humanismo porque ele vai na contra mão, explorando a mão de obra assalariada,ele vive do lucro pleno, ele precisa de um consumidor ávido pela compra, um
compulsivo comprador. Entendo então que ele é um predador da existência, colocando em risco a própria existência da raça humana no planeta.
Fatos da Região: Autodestrutivo?
Carlão: A ferocidade do capitalismo é intensa. Assistimosas iniciativas de da ruma cara de  sustentabilidade a ele, mas esbarra no poder do grande capital estadunidense, com sua máquina de guerra, que ainda não conseguimos
deter. E mesmo no Brasil, veja a proposta do novo código florestal. O agronegócio, os ruralistas estão levando a melhor e deixarão o meio ambiente na pior.
Fatos da Região: E os fóruns mundiais?
Carlão: Os jogos de cena como a Rio 92 e a Rio + 20, com propostas bem atrasadas em relação às necessidades.
Fatos da Região: Mas voltando à Educação!
Carlão: Se não houvesse lutas árduas pelo movimento sindical nestas três últimas décadas contra o  modelo neoliberal, a crise seria pior. O número de funcionários da educação, que já é insuficiente, seria ainda menor. Se não tivéssemos feito todos os embates contra os governos a redução dos investimentos na Educação seria anda maior, pois o estado-mínimo proposto seria implantado com mais intensidade.

Fatos da Região: E sobre a caótica situação da Educação em São Paulo?
Carlão: O que vemos em São Paulo é a fiel obediência à cartilha do estadomínimo, retirando investimentos com educação, transporte, saúde, segurança, provocando crises como as que estamos vivendo hoje.
Fatos da Região: E a violência nas escolas?
Carlão: Ela tem uma raiz nas diferenças sociais em função da chamada disputa e concorrência entre os “iguais”, e quando isso acontece em um espaço com as características da escola é que acontecem as
explosões...
Fatos da Região: Mudar o que?
Carlão: O modelo de Educação está orientado à competição, disputa e violência. O verdadeiro modelo educacional tem que ir no sentido de promover a solidariedade, a tolerância, o convívio humanizado
e harmonioso, daí a violência latente em todas as unidades escolares do país.
Fatos da Região: há luz na escuridão?
Carlão: Temos que fazer um projeto pedagógico que se contraponha a esta orientação nefasta, para colaborar na redução da violência, pois a raiz da violência não está na escola e ela não vai resolver o
problema.
Fatos da Região:
O que propõe?
Carlão: Nestes 10 anos tenho defendido o Projeto Família Educadora. Ele navega com considerações e críticas ao consumismo, à competição doentia, o exibicionismo do ter, apresentando concepções e colocando alternativas, pois se a família consegue compreender a dimensão do estrago social, que o sistema provoca, ela vai responder a altura com grande participação