segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Entrevista: Josemar Bernardes presidente do Sintramog

    Josemar Bernarde André é presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mogi das Cruzes – SINTRAMOG.
    Natural de Porto Firme, Minas Gerais, reside em Itaquaquecetuba/SP desde 1988 e no ano seguinte começou a trabalhar na IBAR (Poá).
    Em 1992 foi eleito diretor sindical e hoje encontra-se no seu terceiro mandato como presidente da entidade.
    O Sintramog foi fundado em 1958, mas somente em 1983 passou a ter uma diretoria atuante na organização dos trabalhadores.

“Ficamos 10 anos sem assinar a convenção coletiva do setor de Construção Civil. Neste período fazíamos acordos coletivos empresa por empresa e assim os trabalhadores tiveram os salários reajustados todo ano com índices iguais ou superiores aos da capital.”

“O Sindicato conta com cinco datas-bases (março, maio, junho, agosto e outubro) envolvendo construção civil e afins, móveis, serraria e carpintaria, artefatos de cimento, cerâmica e refratários e mármores e granitos, num total de 9 categorias profissionais, e isso demanda um  tempo muito grande para as negociações coletivas, quase o ano inteiro discutindo
campanha salarial.”




Fatos da Região: Como estava o sindicato quando você assumiu pela primeira vez?
Josemar: O sindicato já se encontrava estruturado, porém em nossa atual gestão ampliamos o trabalho de base.
Fatos da Região: Qual a base social do sindicato?
Josemar: A base de repres-entatividade é nas cidades de Guararema, Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaqua-quecetuba e Santa Isabel
Fatos da Região: Qual a dimensão da categoria?
Josemar: Em torno de seis mil trabalhadores aproximadamente com carteira registrada (formal) e aproximadamente uns três mil sem o registro em CTPS (informal), tenho impressão que isso se dá mais no setor de Construção Civil devido à alta rotati-vidade no setor, além do construção de casas efetuada pela própria população que na maioria das vezes são trabalhos informais.
Fatos da Região: Qual o maior desafio que enfrentaram à frente do sindicato?
Josemar: Em 1996 se instalou um grave problema na divisão territorial de atuação da categoria, este promovido pelo Sinduscon/SP (sindicato patronal) com âmbito de representa-tividade estadual que separou as negociações por regiões, e assim o SINDUS-CON/SP determinou que a região de Mogi das Cruzes se equiparava com as cidades do interior do Estado.
Fatos da Região: Explique qual o problema.
Josemar: Conseqüentemente foi proposto salários inferiores na negociações de campanha salarial, o que acabava resultando um salário inferior ao da capital.  Na época a maior luta foi fazê-los entender que os trabalhadores de nossa região e da capital deveriam perceber salários iguais. Em contrapartida as campanhas salariais do interior eram negociadas entre a FETICOM-SP e a SINDUS-CON, e nós pela FEDERAÇÃO SOLIDÁRIA DA CONSTRUÇÃO E DA MADEIRA ESTADO DE SÃO PAULO – FSCM-CUT.
Fatos da Região: E como foi esse processo?
Josemar: Ficamos 10 anos sem assinar a convenção coletiva de trabalho com o sindicato patronal. Por orientação de nossa Federação fazíamos acordos coletivos empresa por empresa, num grande desafio, pudemos assim garantir através destes acordos um salário por vezes superior ao da Capital.
Fatos da Região: Negociação por empresas?
Josemar: Em 2007 Voltamos a assinar a convenção coletiva e isto foi fruto da luta dos trabalhadores que mostrou ao Sinduscon que a região não aceitava essa classificação com salários diferenciados que queriam nos impor. Assim vencemos e os salários se tornaram iguais ou maiores que na capital.
Fatos da Região: E como ficaram as horas-extras?
Josemar: Até 1996 os salários eram iguais aos da capital, e com essa divisão queriam não só baixar os salários, bem como, o percentual de horas extras, não se contentando queriam a implantação do banco de horas imediatamente.
Fatos da Região: Explique melhor.
Josemar: Na construção civil o banco de horas é danoso para o trabalhador, pois o trabalho é realizado a céu-aberto e pode ser prejudicado pelas mudanças nas condições do tempo. O que é risco para o patrão passaria a ser risco para o trabalhador.
Fatos da Região: Se chover, por exemplo?
Josemar: Os empregadores poderiam suspender os serviços e com isso os trabalhadores ficariam devendo essas horas não trabalhadas. Conseqüentemente seriam os trabalhadores obrigados a compensá-las em outros dias.
Fatos da Região: Quando ocorrem as campanhas salariais?
Josemar: A nossa categoria conta com cinco datas-bases (março, maio, junho, agosto e outubro) envolvendo em torno de 9 setores, sendo assim, demanda uma série de assembléias especificas por categoria e reuniões com os Sindicatos Patronais, que por vezes levamos quase o ano inteiro discutindo as campanhas salariais.
Fatos da Região: Estamos no governo Lula e a situação do país tem melhorado substancialmente. A justiça do trabalho também melhorou?
Josemar: Infelizmente a Justiça do Trabalho não mudou. Ela possui uma situação arcaica e podemos ver claramente isso nos julgamentos dos processos coletivos, pois não basta os trabalhadores pleitearem, temos que produzir provas, fazer pressão, ameaças de greves e uma grande quantidade de recursos, tempo e energias que poderiam ser utilizadas para outros fins.
Fatos da Região: E como poderia ser ?
Josemar: A Justiça do Trabalho deveria reconhecer que quando é acionada já deveria partir do ponto de que não houve um acordo entre as partes, isso na instauração de um Dissídio Coletivo. Sendo assim, deveria não se apegar a questões muito burocráticas e partir para a busca da solução das condições econômicas e sociais possíveis imediatamente.
Fatos e Região: Fale sobre o Projeto Minha Casa Minha Vida.
Josemar: Durante a grande crise anunciada, o governo Lula lançou o Minha Casa Minha Vida para atender à demanda de casas para as pessoas pobres e de classe média, chegando a 1 milhão de moradias, com vistas a gerar o aquecimento da economia. Porém  as prefeituras e o estado não vêem dando o  incentivo para colocá-lo em prática, pois seria necessário um projeto de incentivo fiscal como redução nos tributos, doação de terrenos, etc... , mas até o momento não temos nenhum projeto em andamento na região”.
Fatos da Região: qual o futuro da construção civil em nossa região?
Josemar: Ela passa por um momento espetacular nesses últimos anos, especialmente no governo Lula, pois este governo vem promovendo crescimento econômico, principalmente através do setor produtivo. É um dos setores que mais emprega no país, tendo tratamento privilegiado como isenção de impostos, gerando muitos empregos. Também é um dos setores mais financiados pelo governo.
Fatos da Região: E sobre a economia?
Josemar: Nos sete anos do governo Lula tivemos um crescimento econômico nunca visto em 20 anos. Tivemos a valorização do salário-mínimo nacional, conquistamos a independência dos organismos internacionais como FMI. O governo Lula tem feito uma gestão de comércio interno e externo ampliando as parcerias comerciais visam o aumento das nossas exportações. Temos um plano desenvolvimentista com fortalecimento do Estado Brasileiro e é importante que este projeto tenha prosseguimento.
Fatos da Região: Sobre as eleições no próximo ano ?
Josemar: O povo precisa fazer uma reflexão muito séria para perceber que o que está em jogo é este projeto que gerou renda e empregos como nunca. Provavelmente teremos outros partidos que irão propor as mesmas políticas que as do governo Lula, porém esses partidos já estiveram no poder central e quase levaram o país ao desastre.

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